sábado, 14 de janeiro de 2012




PAZ

Quando a paz conquistamos,
Mais forte nos tornamos
E mais felizes caminhamos,
Para os desafios humanos.

Saberemos realmente viver,
Cada momento da vida, amar,
Sempre humildes para aprender
E generosos para ensinar.

Quando chegarmos ao final do dia,
Mesmo cansados, poderemos seguir,
No retorno ao ‘velho’ lar com alegria,

E em paz, caminhando com coragem.
Criaremos razões que nos farão sorrir,
Nos novos dias dessa viagem.

UM DIA EM AGOSTO DE 2010

Hoje, queria estar contente,
Não pensar em sucessos e fracassos,
Poder ir ao teu encontro, sorridente
E feliz, lhe dar o meu melhor abraço.

Hoje, de um jeito muito louco,
Queria poder te agradar de qualquer jeito,
Pois me amas muito e eu sou pouco,
E tens o amor que cura meus defeitos.

SOLIDÃO
(Uma canção muito pessoal)

Eu, que quis andar,
Caminhar sozinho,
Não vi que a solidão
Tinha tantos espinhos.

Não fui forte e sei,
Que sem você aqui,
Até a ilusão
de ser feliz, perdi.

E se caminhei
Por caminhos tortos,
Também colhi a dor
De tantos sonhos mortos.

O que mais posso dizer...
Eu penso assim:
Que todo meu viver,
Foi um vazio sem fim.

MULHER

Às vezes quando abraço a saudade
e viajo no tempo, deixo fluir a vontade
que me leva ao passado, para reviver.
As dores daquele caminho não temo sentir,
Porque não importa me ver chorar ou sorrir,
Vou apenas e tão somente para te ver.

Mas, nesse universo transcendente,
Por onde caminha puro e tão somente,
O amor insistente que me obrigo sentir,
Tento compreender num pensamento,
Esse mundo envolto de sentimentos,
Que vão além do meu simples existir.

Nós, por uma linda alameda caminhando,
E eu, tuas delicadas mãos vou segurando,
Diante deste sonho, sei que nada mais preciso.
E ainda que o vazio venha perturbar meu sonho,
Você é a lembrança doce de que disponho,
Para seguir na vida com um sorriso.

AUSÊNCIA

As vezes busco reviver na lembrança
Tão somente, uma imagem apenas,
Que me dê força, alimente uma esperança,
Nas horas que amargo as  velhas penas.

Mas, na dor só encontro tua ausência,
Pois teu existir me parece ser igual,
Viver de sonho para ter uma existência,
Ou morrer para este sonho ser real.

O que fazer, se o que trago em minha mente
transforma num mar minha própria vida,
com as ondas que se revoltam insistentes?

Mas, sei que diante de uma existência perdida,
Me bastaria um sorriso teu, apenas e tão somente,
Para que toda minha dor fosse esquecida.

SEM RAZÃO
(apenas o registro de um momento de tristeza)

Eu sou um ser, algum ser,
No mundo, só mais um,
Triste até não mais poder,
Navegando em mar nenhum.

Onde eu estava, enquanto vivia?
A minha razão hoje me diz
Que muito sorri sem alegria,
E muitas vezes sem motivo fui feliz.

SAUDADE DURADOURA
(uma canção baixo astral, mas eu
gostei da melodia)

Que saudades da Vida!
Que saudades de Deus,
Mas, a saudade é vazia,
Como são os sonhos meus...

Saudade duradoura,
Que vai e vem quando quer,
A vida é uma bela cantora
E eu sou um ouvinte qualquer.

Saudades da cantora,
Que a ilusão me fez crer,
É a saudade enganadora,
Que vi morrer, sem nascer.

SONHO DE INVERNO
Quando de longe a brisa fria,
Sopra leve, remexendo meus cabelos,
Ouço em minha saudade, a melodia,
Que vibra em minh’alma em doce apelo.

E a noite, essa cortina que aparece,
Como um que véu em frente à minha janela,
Me conduz numa felicidade que entristece,
Pois — sem saber —, me ponho a pensar nela.

Vejo vultos de pessoas caminhando,
Na solidão que traz a chuva fria,
E sinto fugir o sonho, se dissipando,
No mundo cruel que a realidade cria.

SAUDADES DE MIM 
(Outubro de 2000)

Há momentos que sinto saudades,
Esses minutos são um precioso presente
Que a vida me oferece, e contente,
Eu posso retornar à minha infância.
Que bom voltar à minha cidade,
Fugir do calor à sombra do jaboticabal,
Eu tinha um alqueire de quintal
E o privilégio de quem vivia na ignorância.

Meus velhos passos que bom revê-los,
Creio em cada frase que a lembrança diz,
Mas, eu..., eu sou como uma árvore sem raiz,
A vida, só dá-me o direito de pensar assim,
E a razão maior desse meu inútil zêlo,
Ao amar esse passado tão vivo em meu presente,
É criar uma força que me faz seguir em frente,
Ao ser feliz por sentir saudades de mim.

CONFIANÇA

Quando eu perder a sã vontade
De viver, e na terra fria
Me mergulhar de corpo, nesse dia,
O que levarei da humanidade?

Alguns dirão, é quase certo:
— Morreu como viveu, sem nada...
Mas, a frase mais apropriada,
Só dirá quem me conheceu de perto.

Só que adianto; palavras não esperem;
De quem me conheceu, não as ouvirás;
Porque a amizade não diz coisas más,
Dos que para o outro mundo seguem.

Os meus amigos não têm defeito,
E é pela parcialidade que confio,
Que jamais se enredariam no desvio,
Que é falar de um morto sem proveito.


SILÊNCIO NO OLHAR

Um gesto, uma palavra que fala do vazio,
O raciocínio tardio,
O medo de pensar.

Na mente, a vontade se curva ao cansaço,
Que mostra os traços
de quem não quer falar.

Mas, os olhos realmente espelham a alma,
E a disfarçada calma
Não pode disfarçar.

Ali, mais do que a voz triste ou contente,
Fala a mudez aparente
Do silêncio no olhar.

SEPARAÇÃO

Já não digo sim,
Já não digo não,
Nem quero também
(Por parecer em vão),
Falar bem
Desse coração,
Pois, para mim
A razão e a emoção
Parecem assim
Como duas mãos,
Que se juntam enfim
Para uma oração
E se separam no fim
Por ter sido em vão.

VERDADE VERDADEIRA
(Uma visão filosófica à moda caipira)

Nessa vida aqui da terra,
Enfrentamos mil barreira,
Que nóis percisa dos outro,
É uma verdade verdadeira,
Nem sempre a solidão
É uma boa companheira
E nas hora da tristeza,
As vêis é má conseihêira,
“Quando um ajuda o outro
é bem menor a canseira!”.

Eu sempre olho admirado
Pro reino dos vegetar,
Se nóis assuntá direito,
Eles dão um inxemplo sem iguar;
Eles acompanha o crima,
De maneira naturar,
Dão fruto que é alimento
E põe oxigênio no ar,
E também serve suas copa
Pros passarinho morar.

Quando a dor aparece
Percisamos de muita fé,
E também de alguém que nos mostre
A vida como ela é,
E as vêis tem outros momento
Que a gente fica lelé,
Ficando ôiando qui nem sonso,
Como quem não sabe o qui qué,
Nessas hora meus amigo,
Na vida do hôme tem muié.

FILHOS DO CRIADOR

A ameba, o verme sugador,
O tigre de expressão felina,
O rato que se esconde na latrina;
Todos são filhos do Criador.

O sapo coaxante, o corvo grasnador,
Os aracnídeos, as aves de rapina,
A barata, o inseto que azucrina;
Todos são filhos do Criador.

A cigarra de canto ensurdecedor,
A serpente sorrateira, assassina;
O vírus que debilita na surdina;
Todos são filhos do Criador.

O ouriço de espinho ameaçador,
O gambá, amante da catinga,
O crocodilo que dorme na restinga;
Todos são filhos do Criador.

RESPEITO

Nesta vida sigo vivendo,
E vendo a soma do que tenho feito,
Juntando virtudes e defeitos,
Penso na própria vida e assim,
Como bem me compreendo,
Até os inimigos – se os tenho – respeito,
E é por respeitar neles o direito,
De não gostarem de mim.

O TEMPO

O tempo agride nossos ossos,
Corrói os sonhos nossos
E faz como melhor lhe aprouver.
O tempo tudo consome,
Destrói o orgulho do homem
E a vaidade da mulher.

Ah, o tempo tem uma verdade,
É o inventor da saudade
E faz o que lhe convém.
O tempo resseca as flores,
Leva nossos pais, nossos amores
E nos leva aos poucos também.

O tempo tem um estranho jeito
De ir lá dentro do peito
E junto ao coração triste, bater.
O tempo é o pai da incerteza,
Ele brinca com nossas fraquezas
E quando quer, nos faz sofrer.

Mas o tempo nos dá a alegria,
Que é a consciência da sabedoria,
E o equilíbrio de saber esperar,
A sabedoria do tempo nos traz a calma,
Ensina-nos a ver a própria alma,
E sem exigência poder amar.

PAI

Pai, que estás em todos os lugares,
No céu, na terra, nos mares,
Pai, que estás nas ruas,
No trabalho, nos lares.

Santificado seja o teu nome,
Em tudo que edificarmos,
No auxílio em todos os sentidos,
E onde a alegria criarmos.

Abracemos o teu reino de amor,
Em cada dia que renascemos,
Unindo-nos à tua vontade,
No plano de vida onde estivermos.

Para a alma e o corpo,
Abençoa-nos com a oportunidade
De conseguirmos o alimento,
E o conhecimento de Tua verdade.

Iluminai nossa mente,
Despertando-nos para a compreensão,
Para corrigirmos nossos erros,
E termos consciência do perdão.

Dá-nos a chance de vencermos as tentações,
Das nossas próprias inferioridades,
Para repararmos o mal que criarmos,
No exercício constante da bondade.

UM DIA DEPOIS DA ETERNIDADE

Lá na frente à despedida,
“Quando se diz que é o fim”,
Ao endereçar um último olhar à vida
Meu coração dirá assim:

— Benditas sois horas passadas,
Pois estarão comigo, é certo,
Como companhia, ao me atirar no nada
Do mundo estranho de futuro incerto.

Ei de resgatar todas as lembranças,
Uma a uma, mesmo as mais pequenas,
Para criar uma frase de esperança,

E poderei enfim pedir a Deus, de forma serena:
— Dá-me o poder de ser uma criança,
Que pode ser feliz com um sorriso apenas.

MEIO-DIA

Mais pareço bonifrate
Quando estou famélico;
Saio zoina, zambo, um disparate,
Um impensante, um ser babélico.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


CONVERSA
(Conversa de caipira. Começa falando de alguém e vai emendando com o nome de
outras pessoas. Às vezes termina onde co
meçou).

As vezes me ponho a lembrar
Da Cidinha do Serafim;
Aquele velho caboclo,
Que sofria feito louco
Com duas pedras no rim.

Trabalhadô dos bom,
Era amigo do Zé Mingau;
Este, caçadô destemido,
Que matô sem ter tremido,
Cinco onças no girau.

Mais por falá no Zé;
Se contava à boca aberta,
Que o fato de ser solteiro,
Foi trabaio de um mandingueiro,
Arranjado por Dona Berta.

Dona Berta?!...Deus me livre!
É o povo lá, que diz,
Que aquela ruindade de muié,
Se encasquetou com o Zé
E fez mardade pro infeliz.

Mas como é a gente mesmo
Que escreve nosso destino,
Ela fez seu próprio enterro,
Quando caiu no erro
De ir se juntar com o Jovino.

Jovino era famoso
Lá no Sítio do Cural,
Por ser muito encrenqueiro,
Vagabundo, cachaceiro,
E só saber fazer o mal.

Lá na venda do Juvenal,
Passava ele, o dia bebendo,
Junto com o João Coronha,
Um tal com cara de bronha,
Que andava com o nariz escorrendo.

João Coronha, embora esquisito,
No fundo era homem bom,
E era de ver em seus olhos o brilho,
Quando ele falava do filho,
O seu menino Simão.

Simão, era sabido que gostava da Cidinha do Serafim,
aquele velho caboclo, que sofria feito louco com duas pedras no rim.

SORRISO

Ah, esse meu sorriso
Soa tão imperfeito,
Quando sinto em meu peito
O coração dorido.
E assim tem sido,
Como está sendo agora,
Eu sorrio, ele chora.

DO POETA JANUÁRIO
(com a minha admiração pelo imortal Volpi)
















Naquela tarde ao chegar em casa,
Estava pra lá de cansado,
Dei uma esticada na poltrona
E caindo num sono pesado,
Tive este sonho engraçado.

Sonhei que ouvia ali do meu lado,
A voz do amigo e poeta, Januário:
— Êta amigão, tá aqui o meu recado,
De quem nasceu na caatinga,
Para quem nasceu no serrado,
Tu é do jeitim que fui eu,
Por demais complicado,
Só descobre o caminho certo,
Depois que fez tudo errado.

ILUSÕES

Pela vida, nossos anseios, nossos sonhos,
Vão morrendo, a vida os vai dissipando,
E ao perdê-los, ficamos pensando,
Que se realizados, seriam risonhos.

Assim vivemos, assim somos,
Na incompreensão vagaremos até quando?...
O mais certo é que continuaremos lamentando,
Aquilo que não temos e o que não fomos.

Novo PRESENTE

Quando busco compreender-me,
E em conhecer-me atuo,
É triste, bem triste ver-me,
Que já maduro, verde me situo.