quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


CONVERSA
(Conversa de caipira. Começa falando de alguém e vai emendando com o nome de
outras pessoas. Às vezes termina onde co
meçou).

As vezes me ponho a lembrar
Da Cidinha do Serafim;
Aquele velho caboclo,
Que sofria feito louco
Com duas pedras no rim.

Trabalhadô dos bom,
Era amigo do Zé Mingau;
Este, caçadô destemido,
Que matô sem ter tremido,
Cinco onças no girau.

Mais por falá no Zé;
Se contava à boca aberta,
Que o fato de ser solteiro,
Foi trabaio de um mandingueiro,
Arranjado por Dona Berta.

Dona Berta?!...Deus me livre!
É o povo lá, que diz,
Que aquela ruindade de muié,
Se encasquetou com o Zé
E fez mardade pro infeliz.

Mas como é a gente mesmo
Que escreve nosso destino,
Ela fez seu próprio enterro,
Quando caiu no erro
De ir se juntar com o Jovino.

Jovino era famoso
Lá no Sítio do Cural,
Por ser muito encrenqueiro,
Vagabundo, cachaceiro,
E só saber fazer o mal.

Lá na venda do Juvenal,
Passava ele, o dia bebendo,
Junto com o João Coronha,
Um tal com cara de bronha,
Que andava com o nariz escorrendo.

João Coronha, embora esquisito,
No fundo era homem bom,
E era de ver em seus olhos o brilho,
Quando ele falava do filho,
O seu menino Simão.

Simão, era sabido que gostava da Cidinha do Serafim,
aquele velho caboclo, que sofria feito louco com duas pedras no rim.

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